É da capacidade para resistir à estupidez que depende o estado da democracia. Ela é uma orquídea. Só a educação, a cultura e - não menos importante - a bondade a podem transformar numa edelweiss.
O que nos cabe é trabalhar pela qualidade de vida de todos e de cada um, sem xenofobias, e defender a dignidade, os direitos e as liberdades de todos e cada um. Mesmo que isso implique levar à justiça os que usam esses direitos e liberdades para promover a opressão. Convenhamos que, em geral, os europeus estão demasiado no sofá e os políticos que elegem ou deixam eleger estão longe de fazer o que pode e deve ser feito para esses dois objetivos. A verdadeira ameaça não é o Islão. É a preguiça europeia.
As pessoas que anseiam pela democracia não são todas iguais. Muitas são tão pobres ou tão desiludidas que mal imaginam que vantagem a democracia lhes pode trazer. Outras são ricas ou suficientemente remediadas para continuar tranquilamente no seu sofá. Outras ainda… estão a morrer todos os dias algures na Ucrânia ou no Mediterrâneo só porque querem viver em paz, liberdade e dignidade.
O governo do Reino Unido colocou em consulta pública, um novo Bill of Rights. O propósito é "restaurar uma abordagem de senso comum em áreas vitais, como a possibilidade de o Reino Unido deportar criminosos estrangeiros, tais como traficantes de drogas e terroristas, que frequentemente tiram partido das leis sobre direitos humanos para evitar a deportação". Se o brexit chegar aos direitos fundamentais, é como se o tunel fechasse e a Ilha se afastasse como a jangada de pedra de Saramago.
A semântica de apresentação das agências de cobranças é um disfarce para a prática da procuradoria ilícita. Noutros casos, é lingerie sexy para oferecer serviços de “jogo sujo”, incluindo o assédio dos devedores. Em geral, as empresas que recorrem a estas agências sabem bem o que estão a contratar e têm a obrigação de saber que são serviços ilegais. A ténue fronteira da legalidade tem permitido a impunidade, sem ganho algum para os credores e para a economia.