12 Aug
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China, Vietname, Tailândia, Sri Lanka, Filipinas, Indonésia, Estados Unidos, Brasil, Índia, Paquistão, Bangladesh, Myanmar, Malásia, África do Sul, Egipto, Nigéria, Marrocos, Argélia e Turquia são responsáveis por mais de 80% dos PLÁSTICOS que chegam aos Oceanos/Mares!

E a China, Indonésia, Filipinas, Vietname e Sri Lanka são cinco dos principais responsáveis ...

Sendo que grande maioria do lixo plástico chega aos Oceanos/Mares pelos rios, e 90% de todo o volume vem de apenas dez deles – oito localizados na Ásia.

𝐎𝐫𝐚, 𝐬𝐞 𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐩𝐥á𝐬𝐭𝐢𝐜𝐨 𝐧ã𝐨 𝐬𝐞 𝐭𝐨𝐫𝐧𝐚𝐬𝐬𝐞 𝐯𝐢𝐬í𝐯𝐞𝐥, 𝐧ã𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐬𝐞 à𝐬 𝐜𝐨𝐬𝐭𝐚 𝐝𝐨𝐬 𝐩𝐚í𝐬𝐞𝐬 𝐝𝐞𝐬𝐞𝐧𝐯𝐨𝐥𝐯𝐢𝐝𝐨𝐬 𝐞 𝐧ã𝐨 𝐢𝐧𝐯𝐚𝐝𝐢𝐬𝐬𝐞 𝐨𝐬 𝐥𝐨𝐜𝐚𝐢𝐬 𝐭𝐮𝐫í𝐬𝐭𝐢𝐜𝐨𝐬 𝐧𝐮𝐧𝐜𝐚 𝐨 𝐭𝐞𝐦𝐚 𝐝𝐨 𝐩𝐥á𝐬𝐭𝐢𝐜𝐨𝐬 𝐧𝐨𝐬 𝐎𝐜𝐞𝐚𝐧𝐨𝐬 𝐬𝐞 𝐭𝐨𝐫𝐧𝐚𝐫𝐢𝐚 𝐩𝐨𝐩𝐮𝐥𝐚𝐫, 𝐮𝐦𝐚 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐩𝐫𝐞𝐨𝐜𝐮𝐩𝐚𝐫ã𝐨 𝐜𝐡𝐢𝐪𝐮𝐞 𝐮𝐧𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐚𝐥❗

E o problema é mesmo sério! O “The Guardian” cita um estudo onde refere que “... o oceano deverá conter uma tonelada de plástico por cada três toneladas de peixe em 2025 e, em 2050, mais plásticos que peixes [por peso]”!

Tendo em consideração os países em causa, seria mais legítimo afirmar que o problema é mais social do que ambiental. A abordagem feita para resolver o problema, nomeadamente a "preocupação" com as palhinhas e cotonetes é, no mínimo, ridícula!

Convenhamos, os países em causa não têm soluções de recolha e tratamento de resíduos e muito menos de águas residuais. Muitos desses países fazem dos rios o meio de transporte dos resíduos que depois, inevitavelmente, vão ter como destinos os Oceanos e Mares que são de todos nós! Mas, esses resíduos são apenas de alguns, são de quem fazem desses países os seus destinos turísticos ou meios de produção industrial e agrícola em grande escala ... para abastecer os países Ocidentais, aqueles que andam em polvorosa com o problema das palhinhas, cotonetes & C.a.

𝑨 ú𝒏𝒊𝒄𝒂 𝒗𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝒓𝒆𝒔𝒐𝒍𝒗𝒆𝒓 𝒐 𝒑𝒓𝒐𝒃𝒍𝒆𝒎𝒂 𝒅𝒐𝒔 𝑶𝑪𝑬𝑨𝑵𝑶𝑺/𝑴𝑨𝑹𝑬𝑺, que afecta a todos (para não falar também da fauna marítima) é 𝒓𝒆𝒔𝒐𝒍𝒗𝒆𝒓 𝒐 𝒑𝒓𝒐𝒃𝒍𝒆𝒎𝒂 𝒔𝒐𝒄𝒊𝒂𝒍, por vezes a viverem em verdadeira calamidade de fome, que assola esses países. E também deve obrigar-se esses países a darem solução ao tratamento dos seus resíduos e águas residuais, principalmente aqueles que têm uma forte componente industrial e exportadora para a Europa como é o caso da China, Bangladesh, Índia, Vietname, Indonésia, Tailândia, Cambodja e Malásia, só para referir o sector têxtil. Se querem exportar para países que têm soluções de tratamento dos seus resíduos eles próprios devem procurar também essas soluções ... 𝐨𝐮 𝐯𝐚𝐦𝐨𝐬 𝐯𝐢𝐯𝐞𝐫 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞 𝐧𝐞𝐬𝐭𝐚 "𝐛𝐚𝐭𝐨𝐭𝐚" 𝐚𝐦𝐛𝐢𝐞𝐧𝐭𝐚𝐥 𝐞 𝐬𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥❓ Ora, as pessoas que trabalham nessas fábricas devem ter condições de vida e não de sobrevivência como se as fábricas fossem um campo de batalha ...

É lamentável, triste e desesperante vermos as nossas associações de ambiente e entidades estatais desprovidas de visão global do problema. Limitam-se a empolar o assunto das palhinhas, cotonetes & C.a quando nós já temos processos eficazes de recolha de resíduos, as energias deveriam estar a ser canalizadas para outro nível, nomeadamente apelar as pessoas para uma maior participação nos sistema de recolha selectiva e assim podermos cumprir as ambiciosas metas de reciclagem: reciclagem de resíduos urbanos terá de aumentar dos actuais 44% para 55% até 2025, 60% até 2030 e 65% até 2035 onde, determina ainda que 65% dos resíduos de embalagens terão de ser reciclados até 2025 e 70% até 2030.

Também teria todo o interesse entidades como a ESGRA - Associação para a Gestão de Resíduos, ERSAR - Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, APDA - Associação Portuguesa de Distribuição, ANMP - Associação Nacional de Municípios Portugueses e Drenagem de Águas, APIP – Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos, SPV - Sociedade Ponto Verde, a NOVO VERDE, APA - Agência Portuguesa do Ambiente, etc. manifestarem-se sobre o assunto de uma forma objectiva, e não, como algumas delas, limitarem-se a "repostarem" posts de notícias (algumas de fontes duvidosas) de realidades que nada estão relacionadas com a nossa!

𝐅𝐞𝐥𝐢𝐳𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞, 𝐞𝐦 𝐏𝐨𝐫𝐭𝐮𝐠𝐚𝐥, 𝐚 𝟐𝟖 𝐝𝐞 𝐉𝐚𝐧𝐞𝐢𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝟐𝟎𝟎𝟐 𝐟𝐨𝐢 𝐞𝐧𝐜𝐞𝐫𝐫𝐚𝐝𝐚 𝐚 ú𝐥𝐭𝐢𝐦𝐚 𝐥𝐢𝐱𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐮𝐛𝐬𝐢𝐬𝐭𝐢𝐚 𝐚 𝐜é𝐮 𝐚𝐛𝐞𝐫𝐭𝐨❗ (estava lá nesse dia)

- Claro, há sempre uns, por descuido ou por má formação, vão abandonando resíduos plásticos na natureza, nomeadamente na praia e respectivos acessos. Mas, felizmente só uma ínfima parte é que chegam ao meio aquáticos, pois a nossa costa tem sistemas eficientes de limpeza de praias.

Resumindo, todas as nossas preocupações e forças, nomeadamente e principalmente as dos políticos e entidades oficiais (incluindo associações de ambiente), devem ser canalizadas para a resolução do problema social e ambiental vividos nos países em desenvolvimento onde os Ocidentais vão passar as suas férias, e lá deixar os seus lixos, ou comprar/importar a roupa da moda ... pensem nisso! Sei que dá mais trabalho do que repostar post sobre plásticos, palhinhas, cotonetes & C.a nos Oceanos ... mas, se querem resolver verdadeiramente o problema esta é a única via.

Bom Domingo!

Pedro Carteiro

www.pedrocarteiro.pt

(Foto: Jornal Económico, 27 Janeiro 2017)

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